O Fim da Originalidade Humana
- Dionatan Resende
- 13 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de ago.

Após o lançamento do livro do Diego, fiquei refletindo se esta poderia ser uma das últimas obras genuinamente "analógicas" escrita sem IA, apenas a criatividade humana em estado puro.
A Inteligência Artificial Generativa (GenAI), em essência, funciona como uma calculadora de padrões vetoriais. Seu processo técnico — baseado em otimização por derivadas — busca “pontos ótimos” em dados existentes, reproduzindo estruturas previsíveis. É fácil imaginar um futuro próximo em que a produção massiva via GenAI inunde o mundo com conteúdo padronizado.
Já hoje, vemos uma corrida dos laboratórios de IA por materiais originais, escritos por humanos da era pré-GenAI, para alimentar seus modelos. Não é difícil imaginar que, em breve, nós também façamos o mesmo e busquemos loucamente por obras que foram escritas pré chatGPT. O ex-Google François Chollet descreve o fenômeno com precisão:
A GenAI não é apenas uma tecnologia; é um poluente informacional — uma névoa cognitiva penetrante que toca e corrompe cada aspecto da Internet. Não é apenas uma ferramenta de produtividade; é uma espécie de chuva ácida digital, corroendo silenciosamente o valor de toda informação.
Cada imagem já não é um vislumbre da realidade, mas um vetor potencial de falsificação sintética. Cada artigo já não é uma voz única, mas uma permutação sem alma de dados, um eco vazio na câmara digital. Isso não é apenas criação de conteúdo; é o nivelamento de todo o ecossistema vibrante da expressão humana, transformando um rico mosaico de ideias em uma lama cinzenta e uniforme de resultados derivados, otimizados algoritmicamente.
Isso não é apenas inovação; é a contaminação sistemática dos nossos fluxos de dados, um lodo semântico que entope os canais de comunicação genuína e banaliza o valor do pensamento humano — deixando-nos a vasculhar um aterro digital em busca de uma única ideia original.
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