Mudanças no xadrez político-partidário embaralham projeções para 2028 em Itaguara
- Dionatan Resende
- 10 de set.
- 3 min de leitura

O sistema partidário brasileiro, historicamente inflado, vem passando por um processo de enxugamento. Esse movimento tem origem em minirreformas políticas aprovadas pelo Congresso em 2015 e 2017 e deve resultar, nos próximos anos, em uma maior racionalidade das siglas, com a extinção de partidos considerados “de aluguel” ou sem representatividade social.
Entre as mudanças, destacam-se o endurecimento dos requisitos para a criação de novas legendas, o fim das coligações proporcionais e a cláusula de desempenho, que retira recursos públicos e direito a propaganda eleitoral daqueles partidos que não atingirem votação mínima.
Como contraponto a esse cenário, surgiram as federações partidárias — mecanismo criado para evitar a extinção de siglas com baixo desempenho eleitoral.
Federação Partidária
Criadas pela Lei nº 14.208/2021, as federações permitem que dois ou mais partidos atuem de forma permanente e unificada por, no mínimo, quatro anos. Diferem das coligações eleitorais — extintas para eleições proporcionais —, que tinham caráter temporário. Já as federações são duradouras e programáticas, funcionando como um único partido dentro do Congresso.
Atualmente, existem as seguintes federações:
PT, PV e PCdoB;
PSDB e Cidadania;
REDE e PSOL.
Encontram-se em processo de formação: PP-UNIÃO; Solidariedade-PRD e PSB-Cidadania.
O impacto do cenário em Itaguara
O ano de 2024 registrou o maior número de candidatos a prefeito na história do município: Luan (PL), Bira (PDT), Rodrigo (Federação PT/PV) e Cléo (MOBILIZA).
A coligação vencedora, liderada pelo PL, foi composta por um expressivo número de partidos: PL, PSB, AVANTE, Federação PSDB-CIDADANIA, MDB, PP e UNIÃO.
Pelas regras eleitorais, Itaguara pode lançar até 10 candidatos a vereador por partido, respeitando a cota de gênero de 30%. Nesse contexto, a coligação do PL lançou 70 candidatos às 103 vagas disponíveis — o equivalente a 68% do total.

Desdobramentos em Itaguara
Nos bastidores, comenta-se que o ex-prefeito Chumbinho, que apoiou o candidato vencedor, estaria rompido com o grupo e tentaria retornar ao Executivo municipal — cargo que ocupou entre 2017 e 2024. Outros nomes cotados são os de Geraldinho (AVANTE), Cássia Greco (PSD), Bruno Coutinho (PDT), Marco Antônio (PL) e o próprio PT, que tradicionalmente lança candidaturas à prefeitura.
Um eventual rompimento no grupo político de Luan poderia tornar o cenário ainda mais competitivo, tanto pela implosão da coligação vencedora quanto pelo encolhimento do quadro partidário, provocado pelas federações. Essa reorganização tende a reduzir o número de legendas ativas na cidade, ao mesmo tempo em que cresce o interesse por candidaturas locais.
Em um cenário hipotético de rompimento, Luan e Dinho permaneceriam com o PL e o PSB, enquanto Chumbinho se apoiaria em partidos como PSDB, União-PP e MDB. Vale destacar que, até 2027, PP e União estarão formalmente unificados, e tanto MDB quanto PSDB já discutem novas composições em nível nacional – o PSDB, inclusive, cogitou incorporação ao PSD ou mesmo fusão com o Podemos.
Atualmente, os partidos com diretórios funcionais em Itaguara são:

Os partidos com filiados ativos em Itaguara:

Conclusão
A eleição de 2024 foi a mais pulverizada da história de Itaguara. Agora, diante da possibilidade de rompimentos internos e da reorganização partidária em nível nacional, o município pode assistir ao surgimento de novas forças políticas e à consolidação de siglas mais robustas. O tabuleiro político itaguarense está em plena movimentação, e o cenário para 2028 promete ser um dos mais imprevisíveis da história do município.
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