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Itaguara mantém maior índice de católicos da Região Metropolitana, aponta Censo

Atualizado: 19 de jul.

Santuário de Nossa Senhora das Dores em Itaguara. Foto Divulgação Secretaria de Estado de Turismo
Santuário de Nossa Senhora das Dores em Itaguara. Foto Divulgação Secretaria de Estado de Turismo

Os dados gerais do Censo 2022 foram divulgados no ano passado, mas nas últimas semanas o IBGE publicou um recorte específico sobre pertença religiosa, que trouxe uma informação que chama a atenção para o contexto religioso da nossa região: Itaguara é o município com maior proporção de católicos da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o levantamento, 76,3% da população local se declara católica, enquanto outras cidades da RMBH registram avanço expressivo do evangelismo, como Mário Campos (42,1%), Ibirité (42,1%) e Sarzedo (40,9%).


Embora o catolicismo ainda seja a maior religião de Minas Gerais, o percentual estadual caiu de 71% para 63,5% entre 2010 e 2022. No país, a média nacional é ainda menor: 56,7%.

O cenário de Itaguara vai na contramão da tendência nacional e regional de queda do catolicismo e levanta questões importantes: o que explica essa permanência? Qual o papel da Igreja local e de sua liderança nesse processo?


“A Igreja não está sabendo propor a fé para a cultura plural e fragmentada que está em constante mutação na atualidade”, afirma o teólogo Geraldo Luiz De Mori SJ, em artigo publicado pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Para ele, o desafio é propor uma experiência de fé significativa e relevante, diante da irrupção do individualismo e da diversidade cultural.


Nesse contexto, a realidade de Itaguara pode ser considerada uma exceção notável. A paróquia local mantém ações constantes, como festas tradicionais, formações pastorais e participação ativa na vida social da cidade, o que pode ajudar a explicar a continuidade da presença católica no município. Também é possível que haja um fator simbólico relevante: o atual bispo da diocese de Oliveira, Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro, é natural de Itaguara, e isso pode reforçar o senso de pertença religiosa na cidade.


Bispo diocesano Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro. Créditos: Pastoral de Comunicação da Diocese de Oliveira
Bispo diocesano Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro. Créditos: Pastoral de Comunicação da Diocese de Oliveira

Ainda que o número de evangélicos esteja crescendo em várias partes do estado, inclusive em franjas periféricas da RMBH, o caso de Itaguara sugere que a manutenção de vínculos culturais e comunitários, somada a uma pastoral mais encarnada e presente, pode fazer diferença.


“O Papa Francisco insistia que a Igreja precisa sair da pastoral da manutenção e assumir uma perspectiva de 'Igreja em saída' rumo às periferias existenciais. Essa orientação, no entanto, ainda não se tornou prática em boa parte do país”, escreve De Mori.



Padre Yuri



Para compreender melhor esse cenário, o Sagarana Notícias conversou com o pároco local, padre Yuri Mombrini Lira. Ele atribui os dados do Censo a um esforço contínuo da paróquia em fortalecer os laços comunitários e tornar a fé acessível e presente no cotidiano das pessoas.


Segundo o sacerdote, houve nos últimos anos em Itaguara uma maior articulação entre pastorais, movimentos e comunidades. Além disso, as ações sociais e o cuidado com grandes celebrações, como a Semana Santa e a Festa da Padroeira, reforçaram a vivência coletiva da fé.


"O zelo e o preparo das celebrações maiores ajudam a envolver as pessoas e a promover um sentimento de pertença à comunidade", destaca.

Padre Yuri também valoriza o papel da comunicação digital: a presença ativa da paróquia nas redes sociais teria ampliado o alcance da mensagem cristã, especialmente entre os jovens. Em sua visão, evangelizar é mais sobre atrair do que convencer. Citando Bento XVI, lembra que "o cristianismo cresce mais por atração do que por proselitismo".


O pároco defende uma abordagem evangelizadora marcada pela simplicidade, esperança e acolhimento. Essa postura, segundo ele, tem potencial de tocar corações e gerar vínculos mais sólidos com a comunidade e com a fé.


Sobre a origem itaguarense do atual bispo da Diocese de Oliveira, Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro, padre Yuri reconhece o valor simbólico desse vínculo, mas relativiza seu impacto direto nos dados do Censo. "É um elemento afetivo que se soma ao cotidiano da paróquia, mas não é determinante. A fé católica está ligada à pessoa de Jesus de Nazaré. O Papa, os bispos e os padres somos apenas instrumentos da ação de Jesus. Penso que se essa pergunta fosse feita a Dom Miguel, ele responderia algo parecido com o que Santo Agostinho disse: 'Para vós sou bispo, convosco sou cristão'."

 
 
 

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