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Fragmentado


Busco onde, inspiração para uma próxima crônica? Milhões de imagens por segundo. Pressão baixa, saturação em desalinho…


Onde filtro e busco um argumento?

Na missa das 19h30, na gaiola do papagaio, no interior ou no centro?

Na bula do remédio ou na receita caseira para acabar com o tédio?

Na prescrição do médico ou nas cartas da cigana?

Na Estação da Sé ou na Igreja Anglicana?


Quer reza, rezo, prece, cantilena ou escrevo uma homilia?

É rito, louvor, mantra ou magia?

Quer crônica ou resultado de pesquisa do IBGE?

Pesquisa científica ou sobre o Tratado de Tordesilhas?

É com desenho ou fotografia?

Dando dicas de beleza ou números da loteria?


Escrever ou descrever?

De próprio punho ou produzido pela I.A.?

Com grito de povos escravizados ou trazendo ordem da Sinhá?


Ira, Irã, Teerã…

Estreito de Gibraltar…

Pegando a tela, ligando a tela, bombardeado pela tela…

Tela que vive, Tel Aviv…


O argumento vem dos Hebreus, dos Judeus ou do grito dos Palestinos?

Cito o discurso do Netanyahu, a máfia no Congresso Nacional ou o impacto que causa meu bolo de cenoura?

O conteúdo será moral, amoral, legal ou ilegal?


Sobre a piada racista do comediante condenado ou sobre o homem drogado andando na rua pelado?

Vai ter censura ou será liberado?


Tem prosa também, lá na padaria.

E boletim de ocorrência na delegacia.

E contra ou a favor da democracia?

Será que escrevo, sem anistia?


Cata lá na empresa os argumentos para esse empreendimento, escreva o que pensa, ainda que seja sobre lojas de departamentos.

Proponha um discurso ousado, algo novo, diferenciado. Vá até o presidente, se preciso for, mas escreva.


Descreva a escalada de ódio ou do preço do azeite.

E deixe o caldo entornar, não importa com quem você se deite, escreva.


Decida hoje, decida já!

Vai descascar os “laranjas” ou murchar feito maracujá?

Escreva uma letra de música, estude.

Bota o Dó, o Ré e o Mi, veja que som dá.


Rasgue o verbo com gosto e escreva “não toleraremos”.

Escreva molhado, pronto. Depois é só escrever secando que você não gripa.


Decidiu qual a pauta? As cores da pipa? A demanda? A urgência?

Escreva como quem derruba muros e nem pense em se esconder dentro de casulos.


“Eu vi um menino correndo. Eu vi o tempo brincando ao redor daquele menino.”

Versos de Caetano é sempre bom.


Foi aqui ou na Palestina?

Gaza ou Montevidéu?


Por fim, termine com algo que dê ao leitor esperança.

Pode até terminar falando de Guarapari, pode ter algum alento para esse Estado.

E, se não tiver argumento, peça ao Xandão emprestado.


E, por último, agradeça. Porque de gente ingrata estamos cheios.

Tá certo que nem Jesus agradou todo mundo, você já sacou isso.


Então, não se engane: você pode acordar do outro lado, preso por um cercado de arame.


Vamos combinar uma coisa?

Só escreva.


Siga refletindo, eu continuo por aqui, divagando.

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