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Nas Entrelinhas

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O ato de escrever liberta os sentimentos, mas também os aprisionam em palavras.

Palavras não dão conta da fervura. Não dão conta de tensão, tesão ou mesmo da fome.

O que parece abstração, torna-se físico. Ganha corpo.

Não que você pegue nas palavra. Mas a grafia materializou o pensamento.

Os sentimentos.

Tudo tão concreto, feito esse dilema, poema.

Somos resultado também de nossas prisões. De nossas liberdades.Somos escolhas.

E nelas somos a oferta para algo. Algo que se escolhe.

Algo escolhido.

Somos resultado delas.

Agora, por exemplo, escrevo como se garimpam, palavras.

Nunca pensei em manipular palavras, pensando alquimia. Nunca pensei escrevendo, gerar fórmulas. Da água por exemplo.

Ciências exatas não são o meu forte. Mas elas, as fórmulas, também podem reagir de forma diferente em cada corpo.

Reside a transcendência nesses processos onde se misturam salivas.

Pura poesia.

"Kicura."

Poesia pura.

Boticário, a manipular sentimentos.

Que se misturam, que se fundem e que perturbam.

No preparo têm um olhar com muita luz e profundidade; Têm muito riso e açúcar;

Mais também leva gramas de contenção e timidez;

Leveza, coragem e música;

Mais misturas em que se permitam viver; Mais vidas em que se desejam calor e o Lá, tocando em Saxofone.

Calor e o Lá.

Quase fórmula, quase resultado. Quase pronto.

Encanto.

Mais risos e música.

Dobra-se o tempo.

Aumenta a temperatura.

De um dia, para dezeseis.

De uma palavra, para mil e seis.

O pensamento dita, reedita.

Me vejo.

Te vejo.

De novo, você.

Um novo, você.

O prazer, em te.

Conhecer.

Te ter.

Mas...

A conta na fecha.

A matemática é incerta.

Melhor esquecer.

Melhor outra fórmula.

Transbordo em mim.

Inspiro, expiro.

Me pego pensando.

De novo sorrindo.

Me pego indo.

Já não quero mais pensar no depois.

Escolho.

Quero um tempo maior pra nós dois.

Decido.

Volto a fórmula e seus ingredientes.

Quero não pensar no depois.

Quero, para o agora.

Quero é já.

Sem Dó, foi descuido essa letra.

Desafino, afinando o instrumento em Fá. Pode dár certo uma clave de Sol. Tatuo.

Foi em tempo.

Nosso tempo.

Foi o suficiente pra gostar.

Mais notas.

As tomo e registro em partituras.

Um Sol, Ré, e o Mí, fazendo graça no instrumento.

Tirando sarro do acontecimento.

Nós dois.

Eu de início fiz recomendações.

Ponderei.

Eu disse: não me suga tanto.

Deixe um restinho de mim, em um canto.

Só não me deixe em pranto, peço.

Não exirja mais do verso.

E fique firme você também.

Nem um tubo de ensaio segura a efervecência.

Sim. Palavras transbordam, sem pestanejar.

Quando bate no peito é para além de sangue e artérias.

Palpita e apita.

Só um farmacêutico para descrever, o que vai na bula.

Tem química que salta os olhos.

Sua mãos e corpos.

Produz gozo.

Carece de um ator para encenar o texto.

Descrito aqui, narra um encontro bem quisto, já é tarde, adormeço.

Nesse instante de afeto sem se preocupar com as fórmulas ou modelos.

Só dando vazão ao desejo.

Distante de redes.

Na sede de um beijo.

Na entrega prá dois.

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