Ontem, vi o Tempo.
Caminhava pelas bandas de cá. Desceu devagar a antiga Rua Oliveira. Pegou a Principal e seguiu sem exitar, como faz dodo tempo.
Vestido de sabedoria, caminhava descalço, ora a passos largos ora quase parando.
Cruzou comigo quando eu, aqui no jardim, colhia primaveras.
Se não fosse pelas flores, na minha mão eu diria que o Tempo, passou perfumado, mas reside a dúvida.
De qualquer forma um cheiro bom, exalou naquele espaço-tempo. Encontros. Saudade. Sabor.
Na ocasião, tirou o chapéu e fez reverência. O Tempo é cavalheiro, sabe dá tempo ao tempo. Foi aí que de relance, contemplei os olhos do ancião. Quanta imensidão.
Um sem fim, feito terremoto rebaixando o solo, cortando, quebrando desenhando continentes. Quanta beleza, meu Deus!
Porém, ouvi um grito triste, presente nos paradoxo da vida. O grito feio que sugere a dor, a partida é mancha a existência.
- Bom dia!
Não disse mais nada, colocou novamente o chapéu e seguiu seu caminho.
De impulso, abanei a mão!
No íntimo, quiz dizer:
- Olá!
Mas isso, de encontrar o Tempo é tão raro, fiquei mudo.
Ainda que o tempo, nos visite a cada abrir dos olhos, preenchendo de ar pulmões, órgãos e vísceras, muito delicado estar frente-a-frente com o Tempo.
Requer lucidez, verdade e o Divino Espírito Santo.
Nem sempre estamos acordados para o Tempo, bom se preparar, mas prepare também os bolsos, dizem que ele é Cobrador.
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