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De que lado a banda toca?

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Não sei no seu caso, mas no meu, é no esquerdo. Como tá escrito na canção do Milton Nascimento " ..no lado esquerdo do peito, dentro do coração..." . E lá se foram , 130 anos da Banda de Música Nossa Senhora das Dores de Itaguara. E ela promove o Décimo Terceiro encontro de Bandas em Itaguara. Olha que legal, eu nem era nascido e a Banda já era "Gloriosa". Itaguara nem era Itaguara e a Banda já defendia nossas raízes nosso território. Bora pensar que a música veio bem antes que a retórica? Do que a narrativa? Do que partidos políticos. Antes de se pensar em fazer, já existiam os musicos fazendo. Com sensibilidade e os talentos dados, esse segmento compos uma partitura histórica que a décadas nos atravessa e nos guia no tempo. Nossa Banda é um Clássico. Um pilar cultural ainda vivo e potente, que nos orgulha muito. E o que é a música se não o pulsar de um coração? É aí sim, se armar de instrumentos e imitar os pássaros. Para quê? En-Cantar. Ah se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar com pedrinhas de brilhantes só pra ver a Banda tocar.

Estive presente em mais um encontro no último 18 de Outubro. Dessa vez meu olhar achou a neta do saudoso Pedro Rosa das Chagas, tocando. Que extraordinário legado. Ele, Sô Pedro, já falecido, estave presente na fundação, como alicerce dessa Corporação. Ah, que pena que minha mãe não me colocou lá. (Rsrs) Tá certo que não nasci com esse dom, mas tenho certeza que se não aprendesse nada sobre instrumentos, aprenderia sobre a vida. E tem mais famílias que já estão na terceira geração. Pai, filho e Neto, juntos dando a nota certa. Tirando o som mais afinado e legando a cidade uma tradição cultural secular. É muito importante que se diga isso, não é a prefeitura que produz cultura. As instâncias aqui ou mesmo fora, não fazem doces, não tecem tapetes, nao tocam instrumentos, não batem caixa, não escrevem livros....

O poder público tem a obrigação constitucional de fomentar, zelar, promover e garantir a população o acesso aos bens culturais. E nós, público, é que temos que ser gratos aos músicos e ao Maestro por tanta graça e beleza. Gratidão também a Diretoria da Banda, que lida diariamente para manter viva a memória musical da cidade. Com todos as dificuldades. Manter o Patrimônio de pé. Agora vem a parte chata. Cadê a população? Onde estamos errado ano, após ano. Pois o evento não foi feito pra músico encontrar músico. Eles já se conhecem. Eles sabem das letras, das partituras, dos instrumentos...

O evento é realizado num domingo, durante o dia. Cadê a população? Tudo bem que a noite, não existe mais vida social na cidade. Ninguém sai. É uma cidade fantasma. Não se vê jovens, nem adultos....apenas os mesmos heróis da resistência. Saímos pra lamentar. Essa é a verdade. Mas quero registrar com o máximo respeito que é preciso pensar sobre isso. A Banda de Música Nossa Senhora das Dores é uma das possibilidades que o município ainda tem, de se voltar para o seu umbigo. De pensar sua identidade e vocação. De despertar o sentimento de comunidade. De abrir espaço para socialização e interação de diferentes classes e idades. Já que a Gestão inovou com o Festival da Rapadura, inovou com o evento Evangelico, inovou com o Rodeio....

Já que dinheiro não é o problema,

quem sabe com dialogo não se consiga inovar também com relação ao Encontro de Bandas e a própria estrutura física e afetiva que a Gloriosa merece?

Fiquei me perguntando de onde o público assiste a apresentação das bandas, já que não tem cadeiras e a gente fica se exprimindo pra poder ver a performance dos músicos. Enfim. Viva a Banda de cá, viva as bandas de lá! Parabéns a todos os envolvidos, inclusive a Secretária de Cultura e Turismo pelo apoio. Parabéns aos artistas da terra e aos de outras cidades, que trouxeram alegria, poesia e arte pra Itaguara.  Parabéns.

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