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EXCLUSIVO: ENTREVISTA COM O PREFEITO LUAN BRENNER – ITAGUARA/MG


Luan Brenner - Prefeito de Itaguara-MG
Luan Brenner - Prefeito de Itaguara-MG

Na primeira entrevista concedida ao Sagarana Notícias desde sua posse em janeiro de 2025, o prefeito Luan Brenner Gonçalves de Morais, 30 anos, abre as portas de seu gabinete para compartilhar os desafios e planos de sua gestão à frente de Itaguara. Eleito com 54,20% dos votos nas eleições municipais de 2024, o engenheiro civil que ascendeu rapidamente na política local - de estagiário a secretário de obras, e agora prefeito - completa seus primeiros cinco meses de mandato revelando sua visão para o futuro da cidade.


Nesta conversa franca, Luan Brenner discute os principais obstáculos para o desenvolvimento econômico de Itaguara, como a escassez de terrenos para instalação de empresas e a baixa renda per capita da população. O prefeito também aborda sua relação com o ex-prefeito Chumbinho, que apoiou sua candidatura, esclarece sua filiação ao PL e a parceria com um vice do PSB, além de avaliar os governos de Zema e Lula.


Com uma abordagem que ele mesmo define como "continuidade com aprimoramento", Brenner compartilha seus planos para criar um bairro industrial, melhorar a infraestrutura urbana e atrair investimentos que possam elevar o padrão de vida dos itaguarenses. A entrevista com o jovem gestor explora os desafios do município na busca de equilibrar planejamento estratégico com a capacidade de resposta às demandas imediatas da população.


JS - Primeiramente, Prefeito, antes de mais nada, agradeço pela oportunidade de nos receber. Serão blocos de perguntas.


I. Visão de Futuro e Planejamento de Cidade


JS - A primeira pergunta é sobre a sua visão de futuro e planejamento da cidade. É um planejamento de médio/longo prazo desenhado? Quais são as entregas previstas para os próximos quatro anos?

Prefeito Luan: Tá, vamos lá. É, você fala a respeito da estrutura da cidade?


JS - Não, seu planejamento de cidade, nos próximos quatro anos, o que você imagina?


Prefeito Luan:  Eu já tenho quase 10 anos de experiência na prefeitura. Inclusive, meu primeiro contato com o serviço público foi através do Diego, que me convidou para ser estagiário dele. A partir disso, comecei a trabalhar na área de infraestrutura do município, o que me deu uma base muito boa para entender as necessidades da cidade.

Minha formação é em engenharia civil, então essa área é algo com que me identifico bastante. Itaguara, por exemplo, não é uma cidade planejada, e por isso há muitos pontos na parte estrutural que precisam ser melhorados. Sabemos que a nossa via expressa necessita de intervenções, e a questão do trânsito também precisa ser estudada para que possamos promover melhorias.

Outro ponto importante é a necessidade de atrair novas empresas para o município. A renda per capita da população ainda é muito baixa. Quando conseguimos trazer novas empresas, geramos concorrência e, com isso, há uma tendência de aumento na renda e na qualidade de vida.

Pensando em médio e longo prazo, é fundamental que criemos um bairro industrial. No entanto, Itaguara enfrenta uma grande dificuldade em relação à aquisição de terrenos. A prefeitura já iniciou algumas sondagens, mas os valores pedidos são muito altos. Além disso, há pouca disponibilidade no mercado. Isso complica bastante, principalmente quando uma empresa de fora demonstra interesse em se instalar aqui. Se não houver apoio do poder público com concessão de espaço, a empresa terá que comprar um terreno — e hoje, um terreno para construir um supermercado, por exemplo, não sai por menos de 1,5 milhão de reais. Em contrapartida, outra cidade pode oferecer um terreno por 500 mil reais, tornando-se mais atrativa para o investimento.

O desenvolvimento do município está diretamente ligado a essa questão imobiliária. Estamos dispostos a enfrentar esses desafios. Estamos há cinco meses na gestão e já trabalhando em um projeto de longo prazo. Num primeiro momento, nosso foco é estruturar a cidade. Acreditamos que, a partir do momento em que isso estiver consolidado, o município poderá realmente deslanchar.

Essa pergunta abre um leque muito grande. Na verdade, toda a entrevista poderia ser baseada nela, de tantas questões importantes que envolve.


JS - Sim. Na verdade, as próximas perguntas já foram, em parte, respondidas por você.


Prefeito Luan: Foi por isso que comentei que essa questão abre um leque muito grande.


JS - Mas vou continuar com as perguntas. Uma delas, inclusive, você já abordou: a respeito da renda per capita, que hoje é muito baixa. Itaguara, inclusive, foi ultrapassada por Piracema — atualmente, o PIB per capita de lá é maior do que o nosso. A média salarial de Itaguara é a segunda menor da Região Metropolitana. Como o senhor acredita que esse cenário pode ser revertido? Qual seria o caminho? Você já trouxe algumas ideias, mas gostaria de complementar?


Prefeito Luan:  Sim. Vou complementar essa questão.

A comparação com Piracema é válida. Piracema conseguiu deslanchar por causa da mineração. Inclusive, acho que no final do ano passado ou no início deste ano, houve uma grande demissão em massa por lá. Isso certamente vai impactar nos próximos estudos e indicadores. Mas, de todo modo, hoje Piracema subiu de patamar.

Pelo que sei, eles passaram a arrecadar cerca de R$ 200 mil a mais por mês em relação ao que arrecadavam antes, devido ao CFEM — a Compensação Financeira pela Exploração Mineral. Então, o caminho para o desenvolvimento passa por aí: fortalecer a arrecadação e estimular a economia local.

Mas como você desenvolve uma cidade?

Não dá para fazer isso apenas com o que já existe. Você não consegue, por exemplo, obrigar um empresário a aumentar o salário de um funcionário. Isso está fora do alcance do poder público. O que o poder público pode fazer é criar políticas públicas para atrair novas empresas.

A partir disso, surge a concorrência. Se o João está pagando mais, o funcionário vai querer trabalhar com ele. Isso força o mercado a se ajustar — as outras empresas vão precisar oferecer melhores condições. E esse é o caminho: atrair investimentos, gerar concorrência e melhorar as condições para os trabalhadores.

Mas como atrair esses investimentos?

Primeiro, é preciso entender o que interessa ao empresário. Pode ser a logística — e nesse ponto Itaguara é muito bem localizada. Pode ser isenção de impostos — o que já exige mais cuidado, porque a prefeitura não pode abrir mão de receita de forma irresponsável, certo?

Hoje, o que eu vejo como principal entrave ao crescimento de Itaguara é o espaço físico. Se alguém quiser abrir uma empresa para empregar mil funcionários, vai precisar de uma área de pelo menos 10 mil metros quadrados. E mesmo que tenha recursos para investir, dificilmente vai encontrar essa área disponível no município.

Por isso, acredito que o próximo passo seja estruturar um bairro industrial. Esse é o caminho que devemos seguir.


JS - Então, essa é justamente a próxima pergunta que eu gostaria de fazer: Existe atualmente alguma iniciativa concreta em andamento para a criação de uma polo industrial no município? Ou alguma ação voltada para atrair indústrias e empreendimentos que gerem emprego e renda, especialmente para a população jovem e qualificada de Itaguara?


JS - Acho que essa pergunta pode ser respondida desenvolvendo melhor a questão da área industrial.


Prefeito Luan:  Sim, realmente, ainda não há nada concreto, mas existem negociações informais em andamento.

Como a gente comentou antes, é difícil para a prefeitura justificar a compra de um imóvel quando o valor está acima do mercado. E os proprietários sabem que há pouca disponibilidade de terrenos com as características necessárias, então acabam jogando o preço lá em cima, o que dificulta muito a negociação.

Atualmente, temos conversas adiantadas com dois proprietários de terrenos. Porém, ainda não chegamos a um acordo de valores, por isso nada foi formalizado até agora.


JS - Perfeito.


II. Planejamento Governamental, Orçamento e Prioridades


JS- Na sua avaliação, o município hoje possui um planejamento estruturado ou ainda atua de forma reativa? Ou seja, como o senhor pretende organizar as prioridades da gestão? A atuação será baseada em um planejamento mais estratégico e estruturado ou continuará reagindo às demandas conforme elas surgem?


Prefeito Luan: Olha, estamos com quatro meses de mandato, e eu penso da seguinte forma — é o que estou tentando colocar em prática.

Do orçamento municipal, existe um percentual que obrigatoriamente precisa ser destinado à saúde e à educação. Se a gente não planeja bem desde o início do ano como aplicar esses recursos, corre-se o risco de, lá no final, ter que gastar às pressas apenas para cumprir a obrigatoriedade. E muitas vezes se acaba comprando coisas desnecessárias, só para bater o percentual exigido por lei.

Então, nesse início de gestão, fizemos uma análise e já implantamos a ouvidoria. A ideia é justamente oferecer um canal direto entre a população e a prefeitura — diferente do que era antes, em que tudo era resolvido por WhatsApp de prefeito ou secretário. Com a ouvidoria, conseguimos organizar melhor as demandas e estruturar as ações para o restante do mandato.

Como você mesmo comentou na pergunta: se a gente ficar só apagando incêndio, não dá certo. Vai chegar no fim do ano e, ou você gastou o recurso sem necessidade, ou deixou de aplicar em áreas importantes.

Eu entendo que é necessário ter planejamento, mas também é fundamental reservar uma parte do orçamento para imprevistos. Um exemplo claro disso foi a pandemia — situações como essa exigem que haja recurso reservado.

Na infraestrutura, por exemplo, assumi em janeiro e encontrei 12 pontes danificadas. Se não houvesse uma estrutura mínima e algum recurso disponível, muita gente estaria até hoje sem acesso. Felizmente, conseguimos restabelecer todas, mesmo que provisoriamente.

Então, respondendo de forma objetiva: sim, precisamos atuar com planejamento, mas também deixar uma margem para lidar com as adversidades — seja na saúde, como no caso da dengue (que conseguimos prevenir bem este ano), seja na infraestrutura, como nas estradas rurais, que sofreram bastante com as chuvas este ano, mais do que nos últimos oito anos que acompanhei.

Planejamento é essencial, mas a gestão também precisa ter flexibilidade para responder aos imprevistos.


JS - Itaguara teve, nos últimos anos, gastos elevados com eventos culturais e festas, conforme divulgado pelo Sagarana Notícias. O senhor pretende manter essa mesma política de gastos? Acha que esse é o melhor uso dos recursos públicos neste momento?


Prefeito Luan: Olha, tem, tem mais um complemento da pergunta aí, não?


JS - Não.


Prefeito Luan: Olha, em relação aos eventos, eu penso da seguinte forma: quando assumi a prefeitura, os próprios vereadores já vinham questionando essa situação. Logo no início, eles batiam nessa tecla.

Eu organizei o carnaval, que fizemos com um gasto tranquilo, numa média razoável. E estava próximo o festival de inverno, que é um evento de grande porte e o maior do município.

Para não tomar essa decisão sozinho e correr o risco de dizerem que "o prefeito resolveu gastar", eu convoquei uma reunião no CVTC com todos os responsáveis pelas entidades, porque são eles que mais se beneficiam do evento.

Juntamente com eles, chegamos a uma conclusão. Posso até pedir para qualquer um deles relatar isso. O Luan, por exemplo, temos números expressivos do ano em que trouxemos uma atração renomada e do ano em que a programação foi mais simples. Praticamente, eles dobraram o valor que arrecadaram.

Pensando também na população — e não vou mais chamar de carente, mas sim daquelas pessoas que não têm condições de viajar para festas em outras cidades — isso é cultura. Quando você traz um artista desse porte, está proporcionando a essas pessoas a oportunidade de conhecerem esse artista.

Além disso, o festival de inverno traz uma parte cultural muito importante. Não fechamos a grade toda, mas temos, por exemplo, orquestra, cursos durante a semana, como curso de culinária, entre outros. Tudo isso agrega um valor expressivo ao evento.

Mas uma coisa eu reforço: se, durante o mandato, eu perceber que no planejamento esse dinheiro vai fazer falta em outra área, a gente vai reduzir o valor, sim.


JS -  Como equilibrar a valorização cultural com urgência de investimento em áreas fundamentais, como saúde, mobilidade, infraestrutura e desenvolvimento econômico?

Prefeito Luan: Até agora, o que mais senti como complicado nesse início de mandato foi o setor de obras. Ponto.

Mas isso nem é culpa de investimento ou gasto. Eu assumi a prefeitura, e em janeiro choveu bastante. Agora a gente está colhendo as consequências dessas chuvas.

Pela minha experiência, em até 30 dias a situação já estará normalizada. Ponto.

Parou a chuva, tem três máquinas trabalhando, o pessoal está tocando o serviço. Hoje mesmo eu visitei algumas obras lá, e está tudo tranquilo.

Agora, por exemplo, eu estava numa reunião antes da gente conversar, para definir o repasse de valores para o hospital. A prefeitura banca o PA do hospital, e eles estão pedindo um reajuste.

A gente está conseguindo dar esse apoio para eles.

Em momento algum vamos deixar de garantir o atendimento no hospital para fazer uma festa.

Vamos tentar equilibrar bem essas prioridades.


JS - Perfeito. 


III. Trajetória Pessoal e Formação Política


JS - Você passou por uma ascensão rápida, de estagiário, secretário de obras, depois prefeito.


Prefeito Luan:  Sim.


JS - Talvez seja até algo único aqui que aconteceu em Itaguara. O senhor acredita que essa vivência curta em outros espaços de poder o preparou adequadamente para liderar o executivo municipal? Acho que foi até no início que você comentou.


Prefeito Luan: Eu vou repetir aquilo, pontuando um pouco mais.

Realmente, meu histórico dentro da prefeitura foi o seguinte: inicialmente, fui convidado pelo ex-prefeito Diego para trabalhar como estagiário.

Trabalhei aqui na sede, cerca de um ano, com o pessoal da engenharia. Depois, eles precisavam de um estagiário na secretaria de obras, e eu fui para lá.

Quando o mandato do Diego terminou, o Chumbinho assumiu. Eu não trabalhei com ele em janeiro nem em fevereiro, só entrei na prefeitura em março.

Em março, o Chumbinho me convidou para trabalhar como fiscal de obra — antes, quem fazia esse serviço era o Reinaldo.

Eu era fiscal de obra, o Geraldo, vice-prefeito, era secretário, e eu sempre o assessorei.

Depois, me colocaram como coordenador da parte urbana, ficando responsável pela limpeza urbana e obras dentro da cidade. Com a doença e afastamento do Geraldo, assumi a secretaria.

Hoje, consigo enxergar que a secretaria de obras foi fundamental para eu chegar onde cheguei.

Por quê? Porque a secretaria cuida da manutenção dos veículos, das vias públicas, das unidades de saúde, das praças, das ruas, do cemitério, da limpeza urbana — enfim.

A secretaria de obras, do jeito que é hoje, representa quase metade da prefeitura. O meio ambiente e a defesa civil também estão sob ela.

Com isso, eu fui conhecendo o município e seus problemas, e comecei a ter mais contato com a população.

Quando alguém precisava, por exemplo, de uma estrada, ia direto na secretaria de obras.

Foi aí que comecei a despertar o interesse pela política — o desejo de ajudar as pessoas.


JS - O senhor sente falta de uma trajetória política mais plural — como ter passado por uma vereança, por articulações comunitárias ou movimentos sociais — antes de assumir a prefeitura?


Prefeito Luan:  Não.

Porque, assim, meu cargo na prefeitura é político, mas, em primeiro lugar, o cara tem que ser um administrador.

Mesmo que haja um responsável em cada pasta, a decisão final é sempre nossa.

Então, com a base administrativa que a secretaria de obras me deu, junto com a minha formação em engenharia civil, eu me sinto preparado.

Não vejo que isso tenha feito falta.

Sempre fui visto, até pelos amigos, como um líder.

Vou te dar um exemplo: há 10 anos, eu organizava corrida de moto.

Fiz corrida de moto, trilhão com mais de 500 esportistas envolvidos.

Mesmo com pessoas mais experientes que eu na área, sempre depositavam confiança em mim.

A partir disso, fui adquirindo segurança e isso me deu condição para crescer.


IV. Relação com o Ex-prefeito Chumbinho


JS - O ex-prefeito Chumbinho foi o grande articulador da sua candidatura. Qual é o papel real que ele ocupa hoje na sua gestão? Ele é um conselheiro, um amigo ou uma liderança política que você segue? Há reuniões frequentes entre vocês?


Prefeito Luan: Olha, eu tenho muita gratidão pelo Chumbinho, porque fui secretário dele durante oito anos. A partir disso, as portas se abriram para mim.

Sobre a minha candidatura, não foi o Chumbinho que me apontou como candidato. Nós tínhamos um grupo de cerca de 10 pessoas, que fez uma pesquisa. Desse grupo, saíram cinco nomes, e depois desses cinco saiu o meu.

Então, a ideia de eu ser candidato não partiu de um apontamento do Chumbinho, foi uma decisão do grupo, junto com os presidentes dos partidos.

Na eleição, tive o apoio dele, e graças a Deus fui vitorioso.

Hoje, o Chumbinho não ocupa nenhum cargo na prefeitura, não está na folha de pagamento e não frequenta a prefeitura.

Ele exerce um cargo de assessor do deputado Ione Pinheiro, que é a deputada majoritária do município, então mantemos contato.

Mas ele não tem nenhuma influência direta na administração. Isso eu te garanto.


JS – Sua eleição foi, em grande medida, uma continuidade do projeto do Chumbinho. O senhor se vê mais como uma continuidade ou como uma renovação? Há autonomia plena nas suas decisões?

O senhor mesmo mencionou que é o mesmo grupo — o grupo que estava com o Chumbinho agora está com o senhor. Então, como o senhor se enxerga: continuidade ou renovação?


Prefeito Luan: Não, renovação não, porque renovação é mudar até o que está bom.

Eu penso da seguinte forma: o que é bom precisa ser mantido, e o que não está funcionando precisa ser melhorado.

Então, para mim, é uma continuidade com aprimoramento. Vamos falar assim.


JS - Perfeito. 


V. Partido, Ideologia e Política Nacional


JS - O senhor é filiado ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em que aspectos o senhor se identifica com o pensamento ou com a postura política de Bolsonaro?


Prefeito Luan: Olha, eu fui candidato pelo PL da seguinte maneira: o deputado com quem temos mais proximidade é o Domingos Sávio, que é o presidente estadual do PL. Eu vi que isso me daria uma melhor condição política. Porque o partido é a base do político. Mas eu não sou uma pessoa que carrega ideologia política. Tanto que meu vice, o Dinho, é do PSB. Se analisarmos só pela ideologia partidária, não teríamos como nos unir. Como você mesmo falou, eu não tive uma trajetória longa na política, não fui vereador, nem nada. Então, usei o partido para me eleger, mas não carrego ideologia. Naquele momento, aquele partido foi o que me deu a melhor condição para candidatar.


JS - Você até respondeu à próxima pergunta. Sobre a sua filiação ao PL ter sido por convicção ideológica Você disse que não, foi mais por uma estratégia política.Aproveitando, Gostaria de complementar: Como você mencionou que o seu vice é do PSB, gostaria de saber a sua análise sobre as diferenças ideológicas entre os partidos.


Prefeito Luan: Vamos lá.

Antes da eleição, antes da pré-campanha, eu tinha zero contato com o Dinho, que é o meu vice.

A primeira etapa foi decidir quem seria o candidato do grupo. Depois de pesquisas e avaliações, saiu o meu nome, o Luan.

A segunda etapa foi definir quem seria o meu vice. Houve várias conversas, alguns cogitavam um nome, outros outro.

O Dinho foi até a Câmara e se posicionou como candidato a vice.

Eu pensei: "Preciso conhecer melhor a ideia desse cara, porque ele tem muito a somar e pode me ajudar bastante."

Então, nos bastidores, eu e o Dinho nos encontramos para conversar duas, três vezes.

Percebi que ele tem muita experiência para agregar ao governo, principalmente pela trajetória de vida que tem — trabalhou quase 30 anos em banco, morou em Belo Horizonte, enfim.

Foi aí que chegamos a essa decisão.

Em nenhum momento a ideologia partidária foi levada em consideração.

Apenas perguntamos aos responsáveis e presidentes de cada partido se aceitavam essa união.

Mas em momento algum colocamos a ideologia em primeiro lugar.


JS - Então você não vê uma separação do Partido Liberal e o Partido Socialista, então você vê algo como pessoas?


Prefeito Luan: Sim, é pessoa. Porque política de cidade pequena em Itaguara, o pessoal nem vota tanto por partido, eles votam é na pessoa mesmo.


JS- Perfeito.


Prefeito Luan: Então, a gente não levou isso em consideração.


JS - Ok. Então, próxima pergunta. Como o senhor enxerga o papel do Estado, da política pública e da justiça social? Quais são suas referências políticas ou administrativas


Prefeito Luan: Então, vamos lá.

Como estou entrando agora no cenário político, estou num momento de construir nossos representantes lá — estadual e federal.

Antes, eu já tinha mais vínculo com os que estavam no governo.


JS — Desculpa te pausar, mas falo de forma mais ampla. Você pode imaginar referências? Pode citar algum político ou administrador.


Prefeito Luan: Eu entendi, mas vamos lá. Pra falar a verdade, eu não tenho nenhuma referência. Por quê? Geralmente, os que mais se destacam são os mais extremistas. E eu não levo para esse lado, nem de esquerda nem de direita. O cara que vai para a mídia, que entra para a história, geralmente é muito extremista. Então, eu não levo isso em consideração. Eu não tenho aquele cara que é a minha referência, não tenho. Eu vejo a prefeitura como a parte administrativa, e a política — a eleição — como o caminho para chegar lá. Você pode até ver nas minhas postagens no Instagram, WhatsApp e tudo mais, que eu em momento algum defendo aquele cara específico. É a situação, como eu falei. PL, porque naquele momento, a articulação política que mais me favorecia era aquela.


JS - Mas nenhuma referência histórica? Nem de Itaguara, nada?


Prefeito Luan: Não. Olha, muito se fala, tipo, "ó o Rui Lara". Eu me comparo muito a ele, por quê? Eu nunca fui um cara 100% extrovertido. Na minha infância e adolescência, sempre fui um cara mais centrado. E, pelo que eu já ouvi falar do Rui Lara, ele parece muito comigo. Ele é um cara mais fechado, fazia o que tinha que fazer, colocava em primeiro lugar a administração. A política era consequência, enfim. A referência mais próxima que eu tenho é ele.


JS - Ótimo. Excelente. Seguindo, como o senhor avalia o governo do presidente Lula e do governador Zema? O que reconhece como avanços e o que considera equivocado em cada um deles? O senhor acredita que Itaguara tem sido bem tratado por ambos os governos ou tem enfrentado dificuldades de articulação com Brasília ou Belo Horizonte?


Prefeito Luan: Olha, vou te falar primeiro a nível estadual.

Como eu mesmo falei, eu estou há apenas cinco meses no cargo, então ainda não dá para sentir completamente o que é bom, o que é ruim, o que funciona e o que não funciona.

A primeira conclusão que eu tiro é: tudo que envolve o Estado é muito burocrático. Nada se resolve da noite para o dia.

Mas, em relação ao acesso ao governo do Estado e às secretarias — por exemplo, estamos com obras em andamento que dependem de repasses —, quando precisamos ligar, solicitar adiantamento, ou fazer uma visita porque a empreiteira ameaça parar, eu sempre fui bem recebido.

Então, quanto ao governo Zema, posso dizer que ele tem dado a estrutura que os municípios precisam. Sempre que tentei contato, tive retorno.

Tem uma coisa ou outra com a qual eu não concordo totalmente, mas, no geral, acho que ele está fazendo um bom governo, sim.

Agora, falando um pouco do governo Lula.

Mesmo que, do ponto de vista partidário, estejamos em lados opostos, eu vejo o governo Lula da seguinte maneira: ele tem dado muita assistência aos municípios.

Às vezes as pessoas criticam a criação de ministérios, por exemplo, mas quando a gente acompanha de perto, percebe que isso ajuda muito o municipalismo — ajuda o prefeito a ter acesso mais direto ao governo federal.

Lá em Brasília, há um representante para relações institucionais — era o Margonari, agora ele foi para a Saúde —, e sempre que precisamos, tivemos apoio.

Recentemente, por exemplo, eu estava precisando de uma liberação de recursos do FNDE para o pagamento de uma creche. Liguei, fui transferido para o responsável, me pediram um prazo de 15 dias e realmente cumpriram.

Então, na parte administrativa e nos repasses de recursos, também não tenho o que questionar.

Claro que estou apenas no começo do meu mandato. Essa é minha opinião de hoje — e nada impede que ela mude, a depender das decisões futuras deles.


VI. Futuro Político e Reeleição


JS - Perfeito, futuro político e a reeleição, né? O senhor já pensa em reeleição? Considera a reeleição um processo natural ou ainda é cedo?


Prefeito Luan: Ah, não. Neste momento, eu não posso afirmar nem que sim, nem que não sobre uma possível reeleição.

Acredito que, da mesma forma que a política entrou na minha vida como consequência do meu trabalho, a reeleição também deve ser encarada assim: como uma consequência.

Se eu fizer um bom trabalho e a população entender que é interessante eu continuar, tudo bem. Mas, se não houver esse entendimento, eu nem me candidato — e vida que segue. Tenho minha profissão fora da política, sou engenheiro civil, e também preciso me dedicar a ela.


JS - E se o prefeito, ex-prefeito Chumbinho também quiser disputar novamente a prefeitura, existe algum acordo firmado? Como vocês lidariam com essa colisão de projetos?


Prefeito Luan: Não. Entre eu e ele, não existe nenhum acordo. Nada, absolutamente nada. A única conversa que houve foi no sentido de que saísse apenas um candidato de dentro do grupo. Mas, dizer que eu vou abrir mão para ele? Não. Não existe nenhum tipo de acordo nesse sentido neste momento.


JS - Então você enfrentaria o Chumbinho numa eventual disputa?


Prefeito Luan:  Não. A única coisa que ele me pediu — e foi ele quem pediu, eu não confirmei nada — foi que saísse apenas um candidato do grupo. Ou seja, se existe um grupo, que esse grupo seja mantido unido e que não haja dois candidatos concorrendo dentro dele. Até hoje, toda a conversa que tivemos foi apenas sobre isso. Mas isso abre muitas brechas, entende? O grupo pode se desfazer, ele pode sair do grupo, ou eu posso não fazer mais parte do grupo dele. O combinado era: de um mesmo grupo, não devem sair dois candidatos.


Encerramento


JS -  Perfeito. Então, para finalizar, que mensagem o senhor gostaria de deixar aos leitores do Sagarana Notícias, em especial aqueles que acompanham com atenção os rumos de Itaguara e esperam ver avanços concretos na cidade nos próximos anos?


Prefeito Luan: Olha, o que eu queria deixar como mensagem final é o seguinte: acima de tudo — acima do Luan prefeito, acima do Luan que foi secretário de obras — está o Luan cidadão de Itaguara.

Independente de estar ou não na prefeitura, tudo o que eu fizer, eu vou carregar para o resto da minha vida.

Por isso, eu vou dar o meu melhor, porque quero que, daqui a 10, 20 anos, as pessoas se lembrem de mim pelas coisas boas que eu fiz.

Eu fui criado com muito apoio da minha mãe e do meu pai, sempre tive a base que precisei, estudei, me formei. Mesmo durante todo esse tempo, mesmo sendo engenheiro, mesmo tendo sido secretário, nunca deixei de trabalhar com meu pai no bar, nunca deixei de ajudar, de honrar o nome deles.

E é isso que eu quero continuar fazendo com o meu próprio nome.

Se daqui a quatro anos, ou quem sabe oito, houver uma reeleição, eu vou continuar dando o meu melhor.

Porque a carreira política pode até acabar um dia, mas o nome Luan, esse eu vou levar comigo para sempre.

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