Seu João

Olá, leitores e leitoras do Sagarana Notícias, tudo bem? Seguimos.

Bom, são tantos assuntos que me inspiram a escrever e a refletir, que fica difícil escolher um tema. Escolher uma pauta. Destacar um fato. Seja da nossa região ou mesmo do mundo, a globalização chega a nos afogar com tantas notícias.

Mas, em meio ao show de horrores que o capitalismo gera, com suas estruturas escravocratas, gananciosas, individualistas e sujas, em meio a tanto rancor, ódio e taxações, firmo o pensamento e escrevo por quem vale a pena ser reverenciado.

Itaguara se despediu hoje, 10 de abril, de um cidadão honorário. Sim, um certo dia esse homem esteve aqui, e nesta terra abriu picadas, ergueu casas, constituiu família e disseminou, nesta região, uma rede de afeto, trabalho, fé e muito amor ao próximo.

Seu João, do Restaurante Casa Branca, como ficou conhecido, também era o João da Casa Espírita, o Seu João da solidariedade, da oração e da família Greco, que aprendemos a amar. Sua missão de divulgar o kardecismo e trabalhar incansavelmente pela evolução espiritual das pessoas é um marco de fé e consciência cristã em nosso município — e que se fez presença e eco em outras terras e corações.

Seu João era brincalhão, gostava de contar causos e piadas, tinha o dom de nos fazer rir — e também ria muito. Nos fazia crer que viver pode ser mais leve e gratificante. Mesmo na dor, na dificuldade, no problema.

Caridoso como devemos ser, dividia, compartilhava, acolhia como pai, como amigo. Vai fazer falta sua presença física.

Mas seu legado e sua crença eram — e são — de que somos muito mais que carne, corpo. Por isso, sua energia, sua luz, estarão sempre no meio de nós.

Confesso: nos pegou de surpresa esse chamado divino, que ora tivemos que aceitar.

Seu desencarne repentino nos deixa um tanto órfãos. Mesmo os mais preparados e estudiosos da doutrina espírita não seguraram as lágrimas.

Ter que se despedir da presença iluminada do Amor não é tarefa fácil.

E ele foi, é, e sempre será sinônimo desse sentimento grandioso que nos nutria a todos.

Choramos pesarosos essa partida, mas seus ensinamentos, suas palavras e ações nos dão o devido conforto.

Necessário resistir, persistir e vibrar na frequência do bem. Mundos transitórios. Dias melhores virão. Façamos a nossa parte.

Desnecessário dizer que o Estado é laico, certo? Imprescindível dizer do respeito a todas as crenças. Imprescindível dizer não à intolerância religiosa. Intolerância às diferenças. Acolhimento.

Necessário dizer do progresso espiritual, da experiência do viver neste planeta, de que somos muito mais que o arcabouço material ao qual nos apegamos. Tudo fica por aí. Não cabe no caixão.

Conheci Seu João ainda criança — e é essa lembrança que guardei e que fica: o sorriso, o olhar, o abraço, sua luz e a oração.

João tinha mesmo ligação com os céus. Veio a chuva, abençoando sua partida. Regando a terra, para que mais almas boas venham florir em nossa cidade. E, no cair da noite, a lua subiu aos céus.

Assim espero. Assim desejo. Que, por intermédio dele, nossa cidade seja varrida de todo mal. Amém.

Sigam refletindo. E fico por aqui, divagando.

Camilo Lélis

10/04/2025