Uma crônica sobre as futilidades e excessos que nos roubam tempo e inteligência
Era uma vez uma praga terrível que se disseminou em um mundo de fantasias. Essa praga, que mais parecia um doce na boca de uma criança, era chamada de vaidade. Ela achou um campo fértil para sua disseminação no fantasioso mundo que são as redes sociais. Oh, como ela se infiltrou nas entranhas do mundo virtual, fazendo os mortais se contorcerem em poses e filtros, buscando desesperadamente a aprovação alheia, como se estivessem todos enfeitiçados.
Podemos começar essa crônica mais ou menos assim, como um conto dos Irmãos Grimm. Mas infelizmente essa crônica não é um conto-de-fadas e sim uma leitura da realidade que vivemos.
Ora, então cá estou eu mais uma vez, observando os acontecimentos com uma mistura de perplexidade e diversão, como um eremita que testemunha uma balada no meio da floresta encantada.
As pessoas, caro leitor, perderam o senso do ridículo. Elas trocaram a busca por experiências pelo mero acúmulo de curtidas e seguidores. E o que dizer da busca pelo saber? Os salões do conhecimento foram substituídos por selfies e postagens vazias, onde a profundidade de um pensamento é medida pela quantidade de emojis que o acompanham. E o pior de tudo, é que elas acham isso uma verdadeira maravilha.
Quantas horas preciosas são perdidas na tentativa da postagem perfeita? O ser humano moderno, cada vez mais preguiçoso intelectualmente, gasta mais tempo escolhendo filtros do que lendo um bom livro. E, cá entre nós, nada mais deprimente do que ver uma pessoa com o nariz empinado, fazendo caras e bocas na frente do espelho, achando que está no auge da sapiência. É como uma galinha se exibindo achando que é um pavão.
E o que falar dessas criaturas que se autointitulam influenciadores? Essa casta virtual que promove produtos que nunca usaram, dá conselhos sobre estilos que nunca seguiram e alimentam a ilusão de que são pessoas importantes. Esses seres, que parecem mais papagaios tagarelas, estão sempre com uma frase de efeito pronto, um jargão motivacional na ponta da língua. Mas quando a profundidade é solicitada, encontramos apenas uma poça rasa de banalidades.
É como se o tempo, outrora tão valioso e escasso, fosse tocado ao vento, sem nenhuma preocupação. As pessoas se esquecem de que a vida é um sopro, uma brisa suave que sopra em direção ao fim. E em vez de aproveitar esse fôlego para conquistar saberes e experiências verdadeiras, elas preferem preencher suas mentes com tolices e futilidades do mundo virtual.
Meu caro leitor, o mundo virtual pode ser sim um lugar mágico e repleto de oportunidades. Mas também pode ser uma armadilha, um abismo da vaidade. As redes sociais podem até serem úteis para algumas coisas, mas estão recheadas de ilusões, como uma miragem de pixels no meio do deserto da (des)informação. Cabe a nós, neste labirinto tecnológico, saber separar o joio do trigo, as curtidas efêmeras do conhecimento duradouro. Precisamos resgatar a busca pelo saber, pelo verdadeiro enriquecimento da mente e da alma. Cultive o conhecimento, ria com sabedoria e siga em busca do que realmente importa. A vaidade virtual pode ser divertida, mas não se deixe enganar por suas artimanhas. Lembre-se de que a verdadeira riqueza está na profundidade do pensamento, na busca pelo entendimento e na conexão genuína com o mundo ao seu redor.
Sejamos como os antigos alquimistas, buscando transformar a mediocridade em excelência, as curtidas em sabedoria, as selfies em autorreflexão. Deixemos de lado os likes vazios e mergulhemos nas páginas dos grandes pensadores, nas palavras dos sábios de outrora. E assim, quem sabe, encontraremos a pedra filosofal capaz de nos libertar das correntes da superficialidade.
Deixemos de lado os egos inflados e as máscaras virtuais que criamos para agradar aos outros. Sejamos autênticos, mesmo que isso signifique sermos imperfeitos. Pois a reverência é o tempero que falta nesse caldo sensabor que é o mundo virtual.
Rir de nós mesmos, caro leitor, é uma arte perdida. O riso saudável e inteligente é capaz de nos despertar para a realidade, de nos fazer enxergar as incongruências do mundo virtual. Portanto, não se leve tão a sério. Divirta-se com os absurdos que encontram nesse emaranhado de perfis e hashtags. Mas mantenha os pés no chão e os olhos abertos para o que realmente importa.
Lembre-se de que o tempo é um recurso valioso e escasso. Não o desperdice e nem se desespere em busca de uma perfeição inalcançável. Em vez disso, invista-o em aprendizado, em experiências que realmente enriquecem sua vida. Seja curioso, questionador, busque sempre ir além da superfície.
Enfim, meu caro leitor, se você chegou até aqui é porque ainda temos esperança! Que essa crônica possa despertar em você um olhar mais crítico sobre o mundo virtual e suas futilidades. Que você possa encontrar um equilíbrio entre a diversão e a sabedoria, entre a leveza e a profundidade. E, acima de tudo, que você não se deixe levar pela ilusão de que a popularidade virtual é um fim em si mesmo, muito menos o objetivo sagrado da vida. Pois, no final das contas, o verdadeiro valor está nas conexões reais, nas ideias que transformam e nas buscas que nos tornam humanos.
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